08 outubro 2013

Serra da Labruja | Lixo junto à Cruz dos Franceses


Aproveito este post para apelar a todos os peregrinos que cuidem e estimem o Caminho que é tão valioso para todos nós. De há uns tempos para cá, têm-se acumulado dezenas de objectos deixados pelos peregrinos, num gesto simbólico de homenagem, junto à cruz na Serra da Labruja. No entanto, falamos de objectos não degradáveis, tais como garrafas de água, roupa, chapéus, calçado, entre muitas outras coisas. Com isto, a Cruz dos franceses e a placa em memória da peregrina Michelle Kleist deixaram de ser o mais relevante, assemelhando-se o conjunto a uma lixeira a céu aberto. Não é sanitário, não é belo, não é o que o Caminho merece de nós, peregrinos. 
Dia 09 de Outubro de 2013 será feita uma limpeza por alguns peregrinos, que irão disponibilizar o seu tempo e trabalho ao serviço do caminho, para melhorar esta paisagem, actualmente desvirtuada pela passagem humana. A partir daí, esperemos que o bom senso evite que esta situação se repita.

Contribua para que este local se mantenha limpo, salubre e de acordo com a paisagem que o rodeia! Obrigada!



Agradecimento a Nuno Ribeiro, pela cedência das fotos.

03 outubro 2013

Receitas | Doce de Abóbora com nozes e canela


Quando a avó da nossa cara-metade nos dá abóbora e nozes acabadas de colher da sua horta, fazer este doce parece-me uma excelente forma de dar as boas-vindas ao Outono!


Ingredientes:
- 1 Kg de abóbora limpa e cortada em cubos
- 800g açúcar
- 1 clh. chá de canela
- duas cascas de limão
- Nozes q.b.

Preparação:

Comece por abrir a abóbora, retirar todas as sementes e cortá-la em cubos pequenos. 
Deixar, de um dia para o outro, a abóbora a macerar com o açúcar e a canela, num recipiente de tamanho conveniente para o aumento dos sucos.
No dia seguinte, colocar todo o conteúdo da bacia num tacho, juntamente com as duas cascas de limão.
Cozinhar em lume brando até que a abóbora esteja tenra,retirar as cascas de limão, após o qual deve passar a varinha mágica procurando atingir a textura desejada. Nesse momento, voltará a deixar o doce cozinhar em lume brando, até atingir o ponto estrada. O ponto estrada foi atingido quando ao atravessar com o dedo um pouco do doce num prato, este formar uma estrada que não volta a ser fechada pelo doce.  
Logo que o doce se encontre no ponto, coloque as nozes, trituradas grosseiramente, e deixe cozinhar mais uns 10 minutos. (No total o doce deve cozinhar entre 1h e 1:30h.)
Coloque o doce ainda quente em frascos de vidro, previamente esterilizados e sele-os bem. Se os colocar imediatamente de cabeça para baixo será criado vácuo que ajudará a conservar o doce durante mais tempo.
Conservar em local fresco e seco.
Fica fantástico servido em tostas com requeijão.
Bom apetite!





Livros - Equador | Miguel Sousa Tavares

Confesso que, para além dos clássicos, li muito poucos livros de autores portugueses. Lamento.
Para além de Saramago, que não encontra paralelo em mais nenhum escritor, nunca me apaixonei por nenhum autor português, nem criei um gosto especial em ler livros com Portugal como cenário. 
Os que li, sempre os senti demasiado frios, pretensiosos, com pouca atenção ao nosso folclore, à magia dos velhos costumes e tradições. Sem a paixão meridional nem a retórica do hemisfério norte, algures no meio, tal como o Equador, que dá nome ao livro. 

O livro, um romance histórico com São Tomé e Príncipe como cenário, foi lido ociosamente, sem pressas e sem a sofreguidão presente em muitas das minhas leituras.
Infelizmente, da mesma forma relaxada que li o livro, o terminei e dei por mim sem conseguir perceber como o comentar. Sim, claro, posso falar da estrutura da narrativa, as inúmeras aprendizagens que fiz, os momentos prazerosos na leitura ou a construção das personagens, mas sem ser capaz de resumir o livro no seu todo. E, como bem sabemos, o todo é maior que a soma das suas partes pelo que qualquer análise que apresente aqui será inevitável e miseravelmente incompleta.




Eu gostei do livro, principalmente da temática deste e dos cenários que o compõem.  De igual modo, relacionei-me com Luís Bernardo Valença, personagem principal, e ganhei afecto pelos seus defeitos, o seu cinismo, a sua cadência para a luxúria em contraste com a candura dos seus valores sociais. João e David, que em conjunto com Luís Bernardo constituem o núcleo principal masculino, são personagens   que facilmente garantem a simpatia do leitor.
O problema reside fundamentalmente na construção das personagens femininas, principalmente de Ann. E que é algo que é transversal a muitos autores masculinos. Uma mulher não se torna bela aos olhos de outra mulher por se referir inúmeras vezes a firmeza e tamanho dos seus seios ou a espontaneidade da sua sexualidade. Ah, sim! Miguel Sousa Tavares também fala da profundeza do azul dos seus olhos!! Acredito que isto possa ser o suficiente para um homem se apaixonar por uma mulher, mas não o é para outra mulher. E como tal, por muito que gostasse de me ter apaixonado por Ann antes do fim que MST criou, e que, tivesse eu outro olhar sobre Ann, teria sido surpreendente, sempre a desprezei. À secura da sua pele, às suas alças finas, à ligeireza da sua sexualidade. Estamos no Equador, for god sake!
E isso revela parte do problema essencial; apesar da qualidade do tema do livro não me agradou particularmente a escrita de Miguel Sousa Tavares, demasiado descritiva e no entanto, tantas vezes incapaz de me transportar completamente para a paisagem de S. Tomé e Príncipe!

No que se refere ao tema em si e ao que uma figura como a de Luís Bernardo representaria na nossa história, Miguel Sousa Tavares procurou esgrimir os argumentos presentes em ambos os lados, muito embora tenha sido politicamente correcto na maioria do tempo. A realidade do esclavagismo, do racismo e do tráfego humano são, ainda hoje, muito mais cruéis e vis do que o apresentado no livro.
O que, apesar de tudo, encontra alguma justiça na inevitabilidade das consequências para o comportamento de Portugal, culminando naquelas que compuseram a história desse período: a queda da monarquia, a implantação da república e o boicote inglês ao cacau oriundo de São Tomé e Príncipe. 

Quanto aos tão afamados erros históricos, infelizmente não possuo conhecimentos suficientes para os ter detectado. Não conheço as ilhas de São Tomé e Príncipe, tal como não estou familiarizada com nenhuma das publicações da época mencionadas no livro, pelo que é um problema que não tenho legitimidade para destacar.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...